Após ter visto os primeiros quatro episódios e ter passado a ansiedade acho que já dá pra analisar, ou não, de cabeça fria a nova série da franquia.
Como fã da séria clássica eu realmente achei, devido a todo o burburinho construído em torno do seu lançamento, que finalmente veria o espírito da “narrativa” do Gene Roddenberry de volta às telas, mesmo que fosse a da minha TV.
Pessoalmente não sou contra mudanças, ao contrário, fiquei impressionado com a maneira que fizeram o reboot no cinema, respeitando profundamente os personagens originais e justificando através dos mesmos e das consequências de seus atos essas novas versões, o que ainda não tinha sido feito em todas as outras vezes que sucederam a série original.
Já na série, até agora não encontrei os ingredientes básicos para a formação das narrativas pensadas originalmente por Gene Roddenberry.
Como havia sido pensado inicialmente para ser uma série de western, dava claramente para ver características bem incomuns a series de ficção, mas fundamentais para os clássicos do faroeste americano: um líder destemido e imprevisível, um padre cético, um médico que faz de tudo para salvar a quem precise, um forasteiro que adora um bom whisky e não acha nada igual ao da sua terra natal, além das jovens não tão indefesas. Somando a isso tudo coloque no pacote a alma mosqueteira e o espírito de amizade que os une, e estão prontos para desbravar o oeste bravio.
O que encontrei em Discovery foi uma personagem que confunde toda essas características e acaba por não ter nenhuma delas, se tornando apenas uma bisbilhoteira, teimosa, divergente, convergente e detergente e talvez um capitão que venha a surpreender. Não encontrei em nenhum lugar as características básicas que diferenciavam a série original, que não é sobre o espaço, sobre tecnologia ou sobre guerra e sim sobre companheirismo, amizade, defender as fronteiras das fazendas pelas quais passam contra os invasores gananciosos que só querem o ouro da terra e a tomam para si a força, defender pobres donzelas dos tiranos que as querem em seus haréns.
Falar de Star Trek é sempre uma polêmica, deixar de assistir é outra, reclamar então é uma blasfêmia, mas sou fã incondicional da série e devo acabar fazendo o que fiz em todas as outras, ver até o final.
Mas sim, há coisas boas, adorei o Saru.
Walber Pena.