Quem dará uma segunda chance ao defensor Luke Cage? Sua introdução na primeira temporada de Jessica Jones pareceu um acerto naquele momento. Então, tivemos uma série apenas para o personagem que, apesar da trilha sonora fantástica e de um vilão bastante carismático (Cornell “Boca de Algodão” Stokes, morto cedo demais), a série desapontou muitos fãs, eu inclusive. Pouco havia no protagonista do herói urbano, cria do próprio Harlem, daquilo que vários fãs conheceram dos quadrinhos.
Mike Colter retorna para estrelar como Cage, juntamente com Simone Missick como Misty Knight, Rosario Dawson como Claire Temple, Alfre Woodard como Mariah Dillard, e Theo Rossi como Hernan “Shades” Alvarez. Em julho de 2017, a Marvel anunciou o elenco de Mustafa Shakir como John McIver e Gabrielle Dennis como Tilda Johnson. Thomas Q. Jones reprisa seu papel como Comanche na temporada, enquanto que em outubro de 2017, foi revelado que Finn Jones estaria reprisando seu papel como Danny Rand / Iron Fist.

Mustafa Shakir como John McIver e Gabrielle Dennis como Tilda Johnson.
Mike Colter havia explicado que havia interesse dos fãs em ver mais do relacionamento previamente estabelecido entre Cage e Jessica Jones, mas para esta temporada eles decidiram agradar aos fãs do “Heroes for Hire”, fazendo com que Cage e Rand se juntem em parte da temporada. Após a morte de Reg E. Cathey em Fevereiro de 2018, a Marvel revelou que sua performance final foi como o pai de Luke Cage, James Lucas. O personagem apareceu brevemente na primeira temporada retratada por um ator não identificado.

Finn Jones ainda não convence nas cenas de ação, mas melhorou na atuação.
Os muitos erros da primeira temporada foram consertados? Uma boa parte deles, sim, foram. A história está bem mais fluída e interessante. As atuações estão mais seguras e menos automáticas (com destaque para Reg E. Cathey, que rouba todas as cenas e é responsável pelas partes mais emocionantes da série). A adaptação do lado “mercenário” de Luke Cage, algo que havia sido praticamente deixado de lado na primeira temporada, funciona bem (apesar de não ser tão forte quanto no material base). Misty Knight finalmente ganha seu braço cyborg, e tem um papel bem maior do que apenas tomar “café” com Luke. O novo vilão “Bushmaster” é carismático e possui uma história de origem sombria e que o conecta organicamente a diversos outros personagens.
A série ainda é do Luke Cage, mas o Harlem como tabuleiro, e os demais personagens como peças, ganham mais importância e visibilidade. A trilha sonora repete o acerto da primeira temporada. Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad voltaram a compor a trilha sonora original, concentrando-se no blues e no reggae para representar o conflito entre a família Stokes e o Bushmaster de Shakir; vários artistas mais uma vez dão performances durante toda a temporada; e cada episódio tem o nome de uma música do Pete Rock & CL Smooth.
A segunda temporada de Luke Cage é um acerto inesperado. Consertando vários dos problemas anteriores, trazendo uma conclusão para vários arcos que haviam sido deixados em aberto na temporada anterior, trazendo um pouco mais de ação e trabalhando melhor os personagens secundários, a série parece ter amadurecido não apenas como produto da Marvel Netflix, mas como uma boa história em si, competentemente contada e dirigida. Não é a melhor entre as demais série da Marvel Netflix, mas está muito acima da sua própria primeira temporada, da fraca série do Punho de Ferro e do nefasto e esquecível Defensores.
Por muito pouco eu não dei uma segunda chance ao Luke, um personagem que parecia não ter a mínima idéia de quem realmente era. Mas decidi arriscar, assisti o primeiro episódio, e não consegui mais parar. A série é competente, trabalha questões políticas e sociais sem se apoiar demais nas bandeiras do politicamente correto, tem uma trilha sonora maravilhosa, atuações convincentes e um final que coroa realmente os esforços para acertar a maioria das falhas anteriores. Luke Cage aproveitou bem sua segunda chance.