Os animais sempre serviram como fonte para excelentes metáforas sobre a nossa vida. Esopo e suas fascinantes histórias com finais filosóficos e moralistas, pode ser considerado o avô dessa brincadeira, mas modernamente falando, por mais que a TV tenha nos apresentado criaturinhas tão humanas quanto os velhos pica-pau, Zé Colmeia e Pernalonga, fica difícil tirar o título de maior criador de “gentes-bicho” (ou seria “bichos-gente”?) do tio Walt.
É engraçado notar como todo o poder do império Disney decorre de uma habilidade simples: entender o que são pessoas. Pessoas são estranhas! Elas gostam de rir de seus defeitos e problemas, mas pra isso primeiro precisam tirar de cima dos seus próprios ombros lançando-os em um outro alvo. Quanto mais distante dela, mais engraçado e fácil, ou seja, nós nos identificamos, rimos de nós mesmos, mas no fim dizemos: Que pato estúpido!
Só pode ser isso! Afinal, se fôssemos capazes de ouvir essas histórias colocando-nos como reais centros da crítica… Nossa! Viveríamos num mundo melhor desde a época de Esopo, ou pelo menos nossa geração não seria tão pateta.
Quem não acompanhou, como eu, a saga do hilário homem-cachorro magrelo, tentando resolver seus problemas guiado apenas pela voz do narrador de uma fita de auto-ajuda? E olha só pra nós…a revolução da informação veio, e cá estamos, lançando nos Youtubers a responsabilidade de nos guiar pela vida em vídeos de no máximo cinco minutos, por não termos tempo a perder.
Ei, quem não conhece um pacato cidadão que se transforma num louco vingador atrás do volante ou num bárbaro selvagem na arquibancada de um jogo?
Quem não sonha em mergulhar numa piscina de ouro? Quem nunca colocou toda a sua sorte na mandinga de uma moedinha número um?
Quem não conhece um cara comum, que por mais que tente engrossar a voz, fala fino na frente de tudo, até mesmo do seu cachorro? Um ratinho sorridente e simpático.
Você pode rir… entendo que rir faz parte do processo. Mas acredito que nem Esopo nem Walt, gostariam de que tudo terminasse em gargalhada. Boas historinhas levam a boas reflexões. E a moral dessa vez aqui, amiguinho, é: #somostodospatópolis.