Essa série tem uma importância especial para mim, ela me seguiu por muitos anos e por um simples motivo, eu só tinha visto fragmentos dela quando tinha pouco mais de 7 anos de idade, mas as cenas ficaram marcada na minha mente por todo esse tempo. Ela se munia de um misto de thriller espacial e suspense, quase um Space Ópera e tinha na sua ambientação uma mistura de Perdidos no Espaço com Star Trek.
A série britânica, que não passou de duas temporadas, 48 episódios e foi transmitida entre 1975 e 1977, conta a história dos ocupantes de uma base lunar chamada Alpha e sua viagem pelo espaço, depois da Lua ter sido lançada para fora da órbita da terra por uma explosão nuclear, ocorrida em um dos depósitos de resíduos radioativos produzidos pelos reatores nucleares da Terra.
Espace: 1999 foi a primeira tentativa, desde o final de Star Trek, em 1969, de se produzir uma série de ficção científica semanal em grande escala, e extraiu inspiração visual e a técnica do clássico de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisseia no Espaço. Contava com Martin Landau e Barbara Bain no elenco, casados na época e que anteriormente apareciam juntos em Missão: Impossível. Era um esforço para atrair o mercado de televisão americana e vender a série para uma das principais redes norte-americanas. Ao longo da duas temporadas além de um elenco escalado para conquistar o público de vários países, ela contou com a participação de vários convidados como Christopher Lee, Julian Glover, Brian Blessed, entre outros.
O diretor de efeitos especiais, Brian “Johncock” Johnson, trabalhou em Thunderbirds e em 2001: Uma Odisséia no Espaço. Muito do projeto visual para Espace: 1999 foi planejado originalmente para ser uma segunda série de UFO, que caracterizasse uma base lunar expandida. Com efeitos especiais considerados muito bons para a época, a série se destacou por ser muito bem projetada e por produzir modelos em escala, incluindo a Águia, um veículo de transporte entre a Terra e a Lua. Os trajes para a primeira temporada foram desenhados por Rudi Gernreich. O tema musical da primeira temporada foi composto por Barry Gray. A série estreou em 1975, embora o primeiro episódio tivesse sido filmado em 1973. As cenas de ação foram filmadas nos Estúdios Pinewood e os efeitos especiais, nos Estúdios Bray.
Como toda série espacial, o grupo de personagens seguia uma hierarquia militar, algo necessário para manter a ordem em uma base com tamanha importância, mas muito usado naqueles períodos pós guerra até ser derrubado pela “rebeldia” dos anos 80.
Foram produzidas quatro compilações em forma de longa metragem usando as imagens das duas temporadas abrangendo a estória da saga: Spazio 1999 (1976), Destino: Moonbase Alpha (1978), Alien Attack (1979) e Journey Through the Black Sun (1982). Em 1999 foi produzida Mensagem de Moonbase Alpha para ser apresentada na convenção Breakaway 1999, uma referência ao primeiro episódio da série, buscando a possibilidade de retomarem o projeto para ser apresentado em TVs a cabo, nessa nova abordagem os personagem encontram um planeta desconhecido, mas com característica que permitiam a sobrevivência humana e através de uma votação controversa, com o voto de minerva do comandante, decidem abandonar a lua que só retornariam àquela rota em 25 anos, não sem antes mandarem mensagens para a terra na esperança de serem encontrados. A nova trama parte do recebimento de mensagens deles mesmo enviadas de um futuro próximo e que dá as diretrizes para essa nova temporada que acabou não decolando com a morte do seu idealizador, o roteirista da série Johnny Byrne em 2008. Curiosamente esse foi o plot adotado na última versão de Perdidos no Espaço, lançado recentemente pela Netflix.
Uma característica fantástica dessas series era a produção de miniaturas hiper-realistas em sua grande maioria pela EAGLE, AMT e MPC no caso de Space 1999, que também recebeu uma versão divertida, porém não menos detalhada da Gulliver. A série contou inclusive com uma versão de suas aventuras em quadrinhos publicada pela Charlton Comics e mais tarde ganhou uma versão digital no estilo de mundo aberto onde o jogador pode vivenciar o dia a dia dos membros da base.
O carinho que tenho por essa série não é velado e me deixa muito triste ao ver que com tamanha produção e distribuição pouca gente se lembra dela. Em seu enredo sempre explorou subliminarmente os problemas e dilemas morais da humanidade com uma trilha de suspense constante ao fundo sem perder o foco da busca para reencontrar o caminho para casa que haviam perdido, dispostos a enfrentar quaisquer diversidade e prontos a ajudar a quem precisava. Todos os ingredientes necessários para a construção de uma série heroica e de sucesso.
Walber Pena