Não é qualquer filme que faz você sair cansado do trabalho, e depois, de uma sala de aula, para pegar uma sessão quase às 22:00 no cinema. Para um fã de quadrinhos, e que ainda não se cansou dos filmes de heróis (afinal, muitos de nós esperamos trocentos anos para isso), esses sacrifícios acabam não sendo uma novidade. A pergunta que fica é: o novo filme do Deadpool consegue ser relevante depois de Guerra Infinita?
Sim e não.
Deadpool 2 é o que todos que conhecem o personagem dos quadrinhos e curtem também cultura pop, poderiam esperar. Politicamente incorreto, consciente das próprias limitações (faz piada dos furos do roteiro antes mesmo que eles aconteçam), e várias vezes, se mostra um pouco forçado demais. Ryan Reynold continua mais do que a vontade no papel, e mostra que realmente gosta do personagem e do universo que vem sendo criado (façam isso com os X-Men, por favor). Nem todas as piadas funcionam, mas mesmo assim, eles deixam de certa forma claro que sabiam disso e deixaram no corte final do filme assim mesmo. Para quem é fã, essa continuação surpreende nas referências e nas participações especiais. (o vilão surpresa da semana é o Fanático!)
O que me chamou mais a atenção? Não tenho uma resposta, mas duas: Cable e Domino. Complicado decidir quem roubou mais a cena quando aparece. Eles conseguiram aproveitar muito bem as características da Domino, e uma das melhores sequencias do filme é estrelada por ela – a atriz Zazie Beetz, da série Atlanta, é muito carismática, e talvez seja a melhor surpresa do filme. Aliás, o que não falta nessa sequencia são atores carismáticos fazendo participações rápidas, infelizmente: Terry Crews, Bill Skarsgård (o palhaço Pennywise de It), e até mesmo Brad Pitt (confesso que foi tão rápido que não consegui reconhece-lo).

Deadpool encolhe perto do Cable…
Finalmente, posso falar dele – Cable. Josh Brolin está mais do que incrível. Mesmo cansado depois das filmagens de Guerra Infinita, ele decidiu ler o roteiro e aceitar participar do filme no papel do viajante do tempo mais famoso da franquia dos X-Men. Se qualquer um tinha dúvida do talento dele, isso ficará enterrado definitivamente num passado alternativo. Cable merece facilmente um filme só para si. A seriedade do personagem faz um contraste perfeito, como nos quadrinhos, com a loucura sem noção do mercenário tagarela. Os fãs do personagem vão ficar satisfeitos!
O filme, entretanto, conseguiu trazer algum frescor, ou ser de alguma forma relevante no cenário dos filmes de super heróis? Não. O filme é incrivelmente divertido para os fãs, principalmente para os que curtiram o primeiro, mas não trás novidade alguma. A sensação é a de que o filme não consegue melhorar nada do que havia sido apresentado antes, apenas trazer mais do mesmo. Isso não é terrível, muito pelo contrário. Só não é algo novo. Para os expectadores casuais, as piadas poderão parecer repetitivas, e as fartas referências, totalmente ignoradas.
Pessoalmente, confesso que esperava mais do filme, apesar de ter sido surpreendido por Cable e Domino. Sem eles, o filme teria perdido facilmente metade de sua relevancia, mesmo para um fã das antigas dos quadrinhos como eu.
Ah! Antes que eu esqueça… a cena pós créditos desse filme, como vocês já devem ter ouvido falar, é sim, uma das mais divertidas já vistas, e apenas reforça o quanto o filme sabe rir de si mesmo.
O que desgasta Deadpool 2 mesmo é a indecisão, também escrito pela dupla de roteiristas Rhett Reese e Paul Werneck, entre a ironia e a seriedade. Amei ver o ator Bill Skarsgård no filme, é de admirar o profissionalismo deste ator, trabalha muito para se entregar em cada atuação o melhor, sempre supera seus papeis anteriores, o demonstrou em IT a Coisa filme, que se converteu em um dos meus preferidos. Desfrutei muito sua atuação neste filme, acho que cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.
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