David Haller, filho do Professor Xavier com Gabrielle Haller (uma ex-paciente de um instituto para sobreviventes do Holocausto) e um dos mutantes mais poderosos da terra, isso é tudo que você precisa saber por enquanto.
A série é produzida pela FX Productions e Marvel Television, e está diretamente ligada aos filmes dos X-Men. A primeira temporada foi composta por 8 episódios e já foram encomendados 10 episódios para a segunda temporada com previsão de lançamento ainda em 2018.
Poucas vezes consegui ver o estilo de desconstrução de um personagem, enredo ou estória tão bem empregados. A edição descontinuada e muitas vezes remontadas substituindo ingredientes de cena ou personagens cria uma impressão de compreensão do ponto de vista do protagonista. A série não têm mega locações, cenários fantásticos, como era de se esperar de uma produção para os dias de hoje, ou até mesmo para os orçamentos adotados em certos títulos. Mas se você adotar um olhar atento ou se conseguir dar continuidade aos episódios vai perceber que é exatamente ao contrário.
A série trata de um personagem diagnosticado com esquizofrenia crônica, e apesar do ar de escola do Professor Xavier, ela só foca nos personagens principais da trama.
Num primeiro olhar ela pode parecer indigesta, mas o enredo se desenvolve e você percebe que desde o primeiro episódio a estória fragmentada vai se costurando e se reescrevendo, te mostrando que tudo o que você vê não é o que parece. As visões distorcidas do mundo construída pelo personagem, ou até mesmo os personagens, colocam tanto o espectador como os protagonistas em dúvida sobre a realidade aparentemente lógica.
As alucinações ou visões distópicas da série são tão bem construídas que levam à um sentimento de perda por isso estar sendo empregado em uma série e não em uma trilha de longa metragem, mas talvez o óbvio esteja exatamente aí, pouca gente conseguiria se concentrar e entender tanta distopia compactada em apenas 2 ou 3 horas de filme.
O personagem surge já dentro de um hospital psiquiátrico e mesmo ali você já começa a perceber as distorções pelo ponto de vista do personagem principal e até mesmo de outros. À medida que a estória se desenrola você começa a se questionar se o que você vê é real ou imaginação de uma mente doentia.
Como toda série de heróis o personagem é resgatado, cai nas mão dos vilões, é torturado, é resgatado e você continua se perguntando se isto ou aquilo realmente aconteceu, se está acontecendo ou se vai acontecer.
Apesar de de vários ingredientes de cenários, ambientação e objetos mostrarem que a serie é contemporânea, a direção de arte insere detalhes, figurinos, objetos de cena, equipamentos e trilha sonora que te levam para os anos 60/70, que acabam te gerando ainda mais questionamentos sobre realidade e fantasia.
Os personagens por sua vez são muito bem construídos, á mocinha é apaixonante, o vilão é irritante, o assassino é sombrio e o louco parece louco mesmo. Os cenários se restringem apenas ao necessário e o resto se dá pelas interpretações e dilemas pessoais de cada personagens que por sua vez não é apresentado diretamente ao espectador e sim descoberto ao longo dos episódios, as pista estão ali, os detalhes vão construindo e revelando cada um, sua neuras e motivos pessoais.
Para quem curte as aventuras dos mutantes, tenha calma, está tudo ali, eles estão escondidos, mas se preparando para a guerra que ainda será travada. Apenas vejam, nem tudo o que você vê é o que parece e nem tudo o que parece é o que você vê.
Mas você é você!?
Walber Pena