Zelda – Porque Breath of the Wild foi o Jogo do Ano

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Confesso que, há alguns anos atrás, no primeiro teaser do então ‘Zelda do Wii U’, passei longe da empolgação. E os motivos do meu desânimo, dessa vez, não tiveram nada a ver com a drástica mudança de direção de arte (coisa comum com os Zeldas) em relação à demo técnica mostrada no trailer de lançamento do Wii U, muito mais puxada para o realismo.

Não me empolguei, primeiramente, porque já era óbvio que a haveria um Zelda (como sempre houve para todos os consoles da Nintendo desde o NES) para o já naquela altura mal das pernas Wii U. E segundo, porque o último Zelda para o Wii, Skyward Sword, havia me deixado com um leve gosto de decepção. Embora não se possa dizer de jeito nenhum que tenha sido um jogo ruim, e que tenha sido um título bastante inovador em sua jogabilidade por movimentos, Skyward Sword deixara claro para mim que o core dos Zelda 3D (originado no já distante Ocarina of Time do Nintendo 64) havia envelhecido e estava deixando de inovar, amarrado demais aos seus preceitos.

(não existe Zelda ruim, exceto por essa exceção à regra)

Os diversos vídeos de divulgação posteriores ao teaser do recém intitulado Breath of the Wild também não me chamaram muita atenção. Os motivos eram os mesmos, piorados ainda pelos sucessivos atrasos na conclusão do jogo e pela decisão de fazer dele um título híbrido para o Wii U e o recém anunciado Nintendo Switch.

A ficha só caiu, de fato, às vésperas do lançamento do game, em 2017. Com o fim do embargo das resenhas por parte da Nintendo, a surpresa e falatório foi geral: era o jogo mais bem avaliado pela crítica dos últimos 10 anos. Os elogios eram rasgados. E eram tudo que eu queria e precisava ouvir: era o Zelda mais ambicioso e inovador desde Ocarina of Time (conhecido humildemente como ‘o maior jogo de todos os tempos’). Ao me deparar com o burburinho generalizado, eu, que particularmente não me importo nem um pouco em jogar jogos na janela de lançamento, disse para mim mesmo: ‘preciso jogar isso imediatamente!’. E foi o que fiz.

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A partir daí entrei numa onda de empolgação com Breath of the Wild que, como gamer e
nintendista, não sentia há um bom tempo. Até de fato começar a jogar foram dias de
expectativa e ansiedade, ainda com um certo temor de o jogo não ser (para mim) tudo isso que as pessoas estavam dizendo. Mas não… felizmente não foi assim. Ficou bem claro, logo nos meus primeiros dias com Zelda, que realmente estava diante de uma joia rara. Sim, Breath of the Wild me viciou de um jeito que nenhum outro jogo havia me viciado em bastante tempo. Acordava pensando no jogo, dormia pensando no jogo, passava o dia esperando a hora de jogar e de viver aqueles cada vez mais raros momentos mágicos na vida de um gamer veterano com umas três décadas de jogos nas costas.

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Quanto ao jogo propriamente dito, poderia perder horas escrevendo e repetindo o que já foi exaustivamente falado em incontáveis resenhas, gameplays, artigos, podcasts, etc… Farei então apenas comentários breves, e pouparei o seu tempo e meu. Não é lendo esse texto (ou qualquer outro) que você, leitor, descobrirá que Zelda Breath of the Wild é um clássico: apenas jogando (se é que ainda não jogou).

Em termos visuais, embora não seja tecnicamente grandioso para os tempos atuais
(lembrando que a base do jogo foi desenvolvida no já limitado Wii U), artisticamente, Zelda é bastante impressionante. A fluidez e beleza das animações e a direção de arte única compensam de sobra a falta de potência técnica. A música e design de som, mais incidentais, dão outro show, principalmente na função de ajudar o jogador a se guiar pelo gigantesco mapa de Hyrule e como auxiliares na ambientação e no desenvolvimento da aventura.

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Há que se mencionar ainda que esse é o primeiro Zelda com voz falada: uma ‘inovação’ há muito esperada. Os controles e a jogabilidade em si foram menos modificados, agora com a adição de animações e comandos mais fluidos e orgânicos e de uma física apurada, que é parte integrante do game em suas mecânicas de jogo e game design.
Mas é na forma como dessa vez os desenvolvedores decidiram contar a história pelas ações e decisões do jogador que reside a grande inovação desse Zelda. Breath of the Wild é um jogo de uma liberdade absurda. O primeiro Zelda em mundo aberto… aliás, o primeiro jogo da Nintendo em mundo aberto é uma lição de game design que certamente impactará a desenvolvimento de jogos daqui para frente. Um jogo aberto, livre, imenso, variado e quase vivo. A liberdade é praticamente total e quase nada é obrigatório. E o impulsionador dessa liberdade é a própria curiosidade do jogador.

Ao contrário dos Zelda mais recentes, o jogo não pega na sua mão e te guia pra lá e pra cá, e sim te larga no meio de uma imensidão territorial (em que praticamente tudo o que vemos pode ser alcançado) e te diz: ‘se vira!’. A história está lá (e vale a pena ser vista), mas é você que vai decidir quando e como (e mesmo se você quer) curti-la. A imensidão de coisas a se fazer e explorar é tão grande que é fácil (e prazeroso) ‘se perder’ no meio do jogo. Em suma, um Zelda muito mais conectado ao que a franquia queria passar nos tempos do NES/SNES (liberdade, curiosidade, exploração) do que no que se transformou de uns 10, 15 anos para cá.

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Foram aproximadamente três meses de grandiosas experiências dentro do mundo devastado de Hyrule. De uma vontade imensa de jogar por horas e horas no início da jornada a uma vontade de ‘economizar’ o jogo no final, para que demorasse e acabar. E até hoje, mais de 6 meses depois, sinto saudade de Breath of the Wild e das sensações que me trouxe. Os outros concorrentes que me desculpem, mas esse ano, por tudo que inovou e resgatou para a comunidade gamer mundo à fora, o jogo do ano só pode ser Zelda Breath of the Wild.

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