Quem nunca assistiu ou ouviu o famoso bordão: Yabba dabba doo!?
Criado na década de 60 por Willian Hanna e Josph Barbera, Os Flintstones não nasceram simplesmente para ocupar um espaço na TV ou entreter as crianças. Desde a sua criação já trouxe inovações como sendo o primeiro desenho com meia hora de duração e trazendo estórias completas de cronologia constante.
Os Flintstones trouxeram em sua bagagem uma abordagem diferente e críticas a uma sociedade totalmente fechada.
Desde os primeiros episódios a críticas foram explícitas abordando os anseios pessoais para um crescimento profissional quase que inescrupuloso, a imposição do homem como o provedor e o rebaixamento feminino na importância da pirâmide social e familiar, casais divorciados, filhos adotivos…
Houve um episódio em que Vilma se preocupava com as atitudes estranhas de Fred, sempre cansado e quase nunca em casa, preocupava-se com a possibilidade de ele estar envolvido com drogas, pois coisas caras apareciam em casa é quando ela descobre que ele estava em uma jornada dupla de trabalho já que não queria que faltasse nada a sua filha recém nascida, preocupação de todos os pais…
Os Flintstones já caminharam por todas as veredas inescrupulosas da sociedade “moderna” sempre criticando e trazendo um alento para quem está à margem do reconhecimento.
As mulheres também sempre foram o seu foco, sempre sendo lembradas e exaltadas, apesar dos deslizes que o inconsequente Fred sempre cometia, em sua maioria movida pelos paradigmas da sociedade.
Recentemente esta família rochosa foi morar nas pranchetas das mentes criativas da DC Comics e o que se viu foi mais uma grande aparição e um resultado espantoso.
Na DC Os Flintstones ganharam um traço mais adulto e as suas comparações, ou críticas à sociedade se tornaram ainda mais explícitas, questionando o consumismo exacerbado, discriminações sociais… Fred continua aquele cabeça de vento que todos nós conhecemos, mas o seu coração está ainda maior, continua enfrentando as tarefas que são lhe impostas pelo sistema como um São Bernardo busca por uma vítima de tempestades, enfrenta os dilemas naturais e defende seus ideais com aquela calma que tira qualquer um do sério e nos remete ao pensamento mais humano com aquele olhar de “é simples assim”.
Fred é um membro do Clube de Veteranos, sim, sempre foi, o que mudou foi o clube, ele e Barney são veteranos das guerras contra os Neandertais e guardam pra si os fantasmas das guerras que tentam expurgar nas reuniões do clube.
A cada nova estória é trazida a tona novos dilemas que enfrentamos no dia a dia, mas fechamos os olhos como se eles não existissem. Enquanto muitos ainda criticam a instituição do casamento, uma aberração imoral inventada para chocar os predockianos. Fred se atém a defender a união de dois amigos que encontraram conforto um no outro, mas são rejeitados até por aqueles que se intitulam modernos e com maestria e muita demonstração de amor ao próximo ele elucida a situação e nos trás a reflexão jogando por terra os nossos preconceitos.
A revista completa uma nova aposta da editora que trás personagens clássicos da Hanna Barbera repaginados em periódicos mensais surpreendentes num trabalho maravilhoso de Mark Russell e Steve Pugh, os responsáveis por esta nova encarnação dos adoráveis homens do “canteiro de Pedras”.