
– Como assim ninguém do Grey Sloan Memorial Hospital pode me ajudar?
Eu confesso que estava bastante ansioso pela estréia do Doutor Estranho no universo cinematográfico da Marvel Studios. Primeiro por que ele ocupa facilmente um lugar de destaque entre os meus personagens favoritos da editora, segundo por que o ator escolhido para viver no cinema o mestre das artes místicas é Benedict Cumberbatch, um ator com trabalhos que têm me agradado bastante nos últimos anos, principalmente como o detetive Sherlock Holmes na consagrada série da BBC.
[ Se não quiser SPOILERS, melhor invocar um feitiço de proteção a partir daqui… ]
Não foi nem um pouco difícil comparar a genialidade, egocentrismo e arrogância dos dois personagens. A origem apresentada no filme é fiel aos quadrinhos de Steve Ditko e Stan Lee e reconta o episódio fatídico onde o famoso neurocirurgião, após mais uma vez demonstrar toda sua perícia médica e praticamente trazer um paciente de volta a vida, sofre um terrível acidente de carro que quase o leva a morte. Mesmo com o esforço de vários médicos, o dano causado em suas duas mãos é grande demais para que ele possa exercer novamente sua profissão.
Neste ponto já fomos apresentados a ex-namorada de Strange, a médica Christine Palmer (Rachel McAdams). E aqui, uma crítica ao filme. Mais uma personagem que serve apenas de interesse amoroso e que foi totalmente desperdiçada, fazendo que o filme perca a oportunidade de fazer diferente.
Meses de tentativas que lhe trouxeram o fim de sua fortuna e sua vontade de viver, Strange descobre sobre um paciente paraplégico que voltou a andar de forma milagrosa. Ao conseguir se encontrar com o mesmo, ele descobre sobre um misterioso sábio que poderia ajudá-lo e onde encontrá-lo, um local que mudaria sua vida para sempre: Kamar-Taj!

Barão Mordo Begins
[ Venho propor uma barganha… ]
Se você chegou até aqui, já deve imaginar que falarei sobre a jornada do herói, seu encontro e treinamento com o Ancião (Tilda Swinton, uma adaptação bem interessante que gerou polêmicas) e seus outros discípulos como o Barão Mordo (interpretado pelo ótimo Chiwetel Ojiofor) e Wong (Benedict Wong), além de sua transformação naquele que muitos de nós já conhecemos dos quadrinhos como o Mestre das Artes Místicas.
Mas vou fazer diferente. Vou desenhar no ar os antigos símbolos de Watoomb e trazer o Cone Conjurado para nos levar para um lugar um pouco fora do comum e por isso, (mil perdões!) também não vou comentar sobre a participação do nosso querido Excelsior! Isso por que temos assuntos mais importantes para falar aqui do que aquilo que todo mundo já imaginava: O filme é divertido e bastante fiel aos quadrinhos.
[ Por isso, preparem-se para o que vou conjurar agora… ]
Estão se sentindo um pouco confusos? Não se preocupem, é apenas temporário. Não vou prender ninguém aqui em um loop temporal e vou tentar acabar com esse mistério imediatamente. Aqui vai: O filme do Doutor Estranho é o mais importante filme da Marvel Studios feito até aqui e também sua aposta mais arriscada! (Sim…mais arriscada que o filme de um bando de criminosos no espaço acompanhados por um guaxinim louco por armas e uma árvore que repete sempre as mesmas três palavras). Não, não estou louco e nem estou ainda alucinado pelas viagens multidimensionais vistas no filme. Por isso levei 48 horas para escrever esse texto após a sessão de estréia aqui na terra da Rainha.

Sim, é isso mesmo que você está imaginando…
Primeiro, o filme coloca o mundo místico da Marvel em ação e isso por si só já trás um desequilíbrio muito grande. Se antes, personagens como Nick Fury, Viúva-Negra e Gavião Arqueiro já se encontravam em desvantagem, agora com a entrada de toda uma galeria de personagens místicos, o mundo se torna um local ainda mais complicado e perigoso.
Segundo, o filme mostra um pouco do poder de vários Artefatos conhecidos nos quadrinhos por pertencerem a personagens místicos e cósmicos. E sim, o Olho de Agamotto no filme é uma das Jóias do Infinito e é dessa forma chamado pelos personagens! Doutor Estranho é o filme e personagem que conecta todos os demais filmes e estórias contadas até aqui e tudo que será lançado daqui para frente. Como a Encruzilhada, temos o encontro de referências de Guerra Civil, Homem-Formiga, Thor (que aparece para pedir ajuda e tomar cerveja!) e Guardiões da Galáxia.
Então, mesmo que o filme tenha defeitos (piadas demais, no meu gosto pessoal) ele representa o caminho para a tão aguardada Guerra Infinita. Não estamos mais falando de invasões alienígenas, Inteligências Artificiais insanas ou de salvar um planeta. O Ancião apresentou para Strange e para todos nós que existem uma infinidade de dimensões e perigos que não podem ser enfrentados apenas por indivíduos especiais ou mesmo os Vingadores.
E se o Doutor Estranho é aquele que liga todos os pontos da nossa jornada até aqui, o desenho que consigo enxergar só pode ser um: Thanos, sua Manopla do Infinito e uma Guerra que não pode ser vencida! Então, se você já aprendeu amar esse novo Universo que têm sido construído nos cinemas, mesmo com todos os pequenos problemas, prepare-se…Alguém está vindo mudar tudo!