Luke Cage fez sua estreia nessa última sexta feira, sem ficar devendo nada às já estabelecidas séries do universo Marvel com o selo Netflix.
A série segue o padrão Netflix de histórias de origem, o herói vivido por Mike Colter é apresentado através de suas iterações com ótimos personagens coadjuvantes, como o cativante ‘Pop’ Hunter (Frankie Faison) e o simpático malandro Bobby Fish (Ron Cephas Jones), enquanto seu passado e a origem de seus poderes é toda explicada em flashbacks ao longo da série.
Justamente a origem do personagem é um ponto polêmico na série. Enquanto a releitura da origem de Luke Cage e dos viloes Cottonmouth (Mahershala Ali), Shades (Theo Rossi) e Diamondback (Erik LaRay Harvey), trazendo esses personagens mais para perto da realidade atual, para o ar mais “pé no chão” das séries da Netflix pode ter facilitado o apreço por parte do público geral, as diversas mudanças na origem, no passado entre esses personagens mas principalmente a mudança brusca na personalidade do herói pode não ter agradado os fãs de longa data.
Um outro personagem importante na série é o próprio ambiente onde se desenvolve: o Harlem. A ambientação, o linguajar de rua, o cenário musical, o problema das gangues, tudo isso é muito bem aproveitado pela série. A musicalidade de Luke Cage é incrível, com temas muito bem entrelaçados com as cenas, muito hip-hop e black music que me fizeram muitas vezes escutar Gangsta’s Paradise (um clássico do Coolio dos anos 90) no fundo da minha cabeça.
O Harlem também é usado como pano de fundo para tratar de um tema muito mais complicado que a série já se propunha a tratar bem antes de sua estreia. Diferente de Jessica Jones, onde o assunto de abuso e violência contra a mulher foi tratado de forma muito sutil, em Luke Cage o tema preconceito contra negros e pobres, especialmente por parte da polícia e governo, é abertamente abordado. Um assunto extremamente atual e não só no Estados Unidos.
Como se espera de um personagem super forte e à prova de balas, Luke Cage é recheado de boas cenas de ação. A primeira vez que vemos seu poder em ação é simplesmente a melhor cena de um super poder já visto na Netflix, e apesar de as coreografias de luta ficarem um pouco atrás das que vemos em Demolidor, principalmente na segunda temporada, ainda são muito boas. As lutas são mais cruas, mais reais, aqui não temos super mestres de artes marciais, mas sim um cara gigante que tem boas noções de boxe saindo no braço com bandidos metidos a valentões, no melhor estilo briga de rua.
A integração com o universo estabelecido também está ótima. Claire Temple (Rosario Dawson), a enfermeira que já vimos em Demolidor e Jessica Jones tem muito mais espaço e é muito mais importante pra trama da série (Inclusive prestem atenção no último episódio porque ela deixa o gancho pra próxima série da Netflix, Punho de Ferro). Temos uma chuva de menções ao incidente de Nova York de Vingadores, ao Rei do Crime, à Matt Murdock (que eu achei que ia aparecer em um certo momento), à Jessica Jones, ao Justiceiro e tantos outros, e não só pelos personagens principais, mas também pelos coadjuvantes, o que reforça ainda mais a coesão desse universo. E ainda tem a “participação” do Stan Lee…