Johnny Cypher na Dimensão Zero

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Em meio a todo esse saudosismo que tem tomado conta o mundo digital um vazio tem sido perturbador para mim, sinto a falta daqueles personagens, séries e desenhos que preencheram boa parte da minha infância.

Falo de personagens que eram tão ou mais heroicos quanto qualquer outro produzido nos anos 80. Estes personagens traziam consigo a inspiração da conquista do espaço e da lua e aquela sensação de desafio ao desconhecido que todo treker conhece.

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Lembro-me de ter conhecido primeiro Johnny Cypher na Dimensão Zero (1968) da Oriolo Films Studio, ele foi lançado depois de Robin Hood do Espaço (1966), Anjo do Espaço (1962), flash Gordon (1934), todos aventureiros espaciais, destemidos e corajosos, mas foi o primeiro que vi em animação e ainda me lembro da sua abertura.

A justiça do futuro,

Em algum lugar do espaço,

Tem a arte e a ciência,

Ele é o nosso grande herói.

Esse é Johnny, Johnny Cypher.

Ele é bom e muito justo.

Protegendo quem precisa,

Se arrisca e vai a qualquer futuro.

Tradução da música de abertura.

Ele concorria diretamente com as criações da Hanna-Barbera, Space Ghost (1966), Os Herculoides (1967), O Poderoso Mightor (1967), Homem Pássaro (1967) e Galaxy Trio (1967).

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De todos os desenhos da minha infância Johnny Cypher talvez tenha sido o que mais me intrigou, ainda sinto falta da sua roupa vermelha com dois botões de máquina de lavar no peito que quando acionados o levavam à Dimensão Zero, aqui chamada de Dimensão Negativa, que o permitia viajar através do espaço tempo, além de diferentes dimensões e chagar à lugares distantes na galáxia numa fração de segundos. Visualmente aparecia um tornado de energia em volta do seu corpo que o vazia voar através dessa dimensão. Fato esse que durante muito tempo, na minha infância e após o seu desaparecimento das telas me fez pensar que o Samurai dos Superamigos era alguém com os seus poderes e mais tarde quando conheci o Tornado Vermelho e pensei: agora ele voltou mesmo do futuro, só pode ser ele!

Outros personagens como Adam Strange (1958) e o próprio Flash Gordon caíram no meu gosto exatamente por ter características pessoais, como o uniforme vermelho e o espírito defensor que me lembravam Cypher.

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É impressionante como criamos recordações estranhas e fantasiosas sobre certas estórias que lemos ou ouvimos quando somos crianças, nos apaixonamos por certos personagens e construímos em volta dele todo um universo imaginativo quem nem sempre condiz com o que era na verdade, mas nos satisfazemos com aquela fantasia e a cultivamos por um bom tempo.

Johnny era um cientista que havia descoberto esses poderes em suas pesquisas e viajava através do universo levando justiça aos planetas que visitava, tinha como amigos e aliados Zhena, uma linda loira com quem todos acreditavam haver um romance, mas que nunca acorreu e Rhom, um habitante da estrela Black Star, era engraçado ver como todos os personagens gostavam de ter a letra “H’ no nome, talvez remetesse à um “H” de herói, parecia que valorizava ou dava opulência ao nome. Eles viajavam através do espaço em uma nave em forma de disco voador e tinham essa pegada de Flash Gordon, mas eram muito mais ao estilo Bucky Rogers (1928) ou O Cavaleiro Solitário (1933).

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As estórias apresentavam uma visão antecipada dos nossos problemas e dilemas morais na terra que eram replicadas em planetas habitados que enfrentavam essas catástrofes causadas pelo homem e sua ganância, não era difícil ver uma figura histórica de um imperador ganancioso atacando e explorando as reservas de um planeta pacífico ou mesmo uma fuga em massa por causa da escassez de oxigênio devido o uso desenfreado de industrias extrativistas. Pode-se dizer que o enredo era simples, mas há de se levar em conta o período em que foi produzido, o que também eleva o seu conceito pelas tramas e motes adotados a cada episódio.

Não é possível precisar de quem é a autoria do personagem, seus direitos foram registrados em nome da Oriolo Stúdios de propriedade de Joe Oriolo, um dos criadores de Gasparzinho, O Fantasminha Camarada (1939) e a versão para TV de O Gato Félix (1936) e é possivelmente o criador de Cypher que teve como escritores Peter Fernandez, Sid Jacobson e Alan Riefe em uma produção de parceria entre os Estados Unidos e Japão. O traço do desenho me surpreende até hoje, pelo estilo moderno e limpo, algo utilizado apenas depois dos anos 90. Foram produzidos 131 episódios dos quais infelizmente não pude ver todos e mesmo com toda a informação obtida hoje em dia é difícil de conseguir informações relevantes, o que me leva a um trabalho gostoso de busca e investigação para rever, relembrar e ainda me surpreender com os novos encontrados.

Walber Pena

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