“É uma reformulação muito inteligente e moderna de uma ótima história. Lost In Space é a família Robinson no espaço, então era uma história que existia antes do Lost In Space. A história fundamental é que é uma família perdida em uma situação difícil e que ameaça a vida e como ela os desafia e os aproxima. Isso é essencialmente o que a história disso é, é apenas o contexto é muito mais moderno. É uma tomada mais moderna na versão dos anos 60. Se você olha isso agora, é encantador, mas parece tão inocente. Considerando que esta é uma versão para o nosso tempo. Espero que ainda tenha humor e humanidade, mas obviamente tem que ser para uma audiência moderna.”
Toby Stephens
É com essa declaração do ator que representa o John Robinson que resolvi começar a falar e tem um motivo, comecei a ver o 1º episódio e quase desliguei a TV, mas resolvi dar um crédito e continuar. Não tenho nada contra adaptações e releituras de nenhum tipo de material ou produto, porem odeio o termo reboot, o primeiro exige um respeito as linhas originais e o segundo usa a estória como veículo condutor para um novo enredo e ambos ainda possuem aquele material original como base. O termo reboot me causa calafrios, pois tudo o que vi até agora me causa náuseas, usam o termo como motivo pra refazerem tudo do zero sem respeitar preceitos, configurações ou tramas que dão características ao material “rebootado“.
Sim, Perdidos no Espaço é, foi lançado e produzido como um reboot.
Talvez e espero que seja ainda muito cedo para questionar ou reclamar sobre os elementos da série, pois alguma coisa ainda está lá. Ao contrário da série original onde a terra sofria os efeitos da superpopulação ou no filme que o inimigo era a poluição da terra, o que para um fã mais apaixonado pode ser aceitável se olhar como consequências de uma superpopulação. Nessa nova série o que deixa transparecer é o fato de um objeto celestial, aqui chamado de estrela mãe, se colidir com a terra tornando ela inabitável tornando a migração para um outro planeta uma necessidade.
Os personagem estão lá e parecem ainda possuir fragmentos de suas características originais, porem o Dr. Smith, agora é representado por uma mulher que assume em meio ao caos a identidade do verdadeiro Smith, isso juntando ao fato de um robô estar destruindo a nave mãe que transporta todas as naves Júpiter e suas famílias, o que parece em muito com a mote que insere o robô na série original e no filme. Apesar de até agora ter sido apresentado como um robô alienígena ainda acredito que função era a de sabotagem da missão, isso só vamos saber quando a família Robinson encontrar a falsa doutora, é quando vamos entender o seu olhar quando viu o robô dentro da nave mãe. Perdoo a aparência do “Robby”, pois cada um deles têm aparência humanoide que o seu tempo exige.
Ainda existe a relação de amizade e companheirismo entre Robby e Will Robinson, parte fundamental em todas as versões produzidas até agora e espero a proximidade do “Dr. Smith” com o Will, usando a sua inocência e falta de compreensão para com os outros seja usada como foi feita também nas outras versões.
Os detalhes do enredo condutor de Perdidos no Espaço que levaram ao início da expedição não aparece de cara e é apresentado intercalado com as cenas principais, o que vai elucidando e contando a estória que os levaram até ali, como a dos outros personagens, o que dá uma certa leveza e tira a tensão dos acontecimentos.
Apesar de no piloto de 1965 não ter um Dr. Smith e um robô Robby, que parecia ser mais uma série com as características do seu produtor, Irwin Allen que fez Terra de Gigantes, Túnel do Tempo e Viagem ao Fundo do Mar, além dos filmes da época que tinham como premissa enredos aventurescos e sobrevivência em condições extremas, ambos acabaram se tornando parte fundamental para o desenrolar da série, apesar de inconscientemente terem levado para uma linha mais cômica a cada temporada.
Nessa nova série ainda dá para perceber um pouco do que deveria ter sido a série original se pegarmos como referência esse piloto produzido e pouca gente teve acesso, os Robinsons estão em um planeta inóspito, mas habitável, os personagens se separam e passam por suas aventuras e dilemas pessoais sozinhos construindo assim seu caráter e características que os diferem ao mesmo tempo em que a força do termo família e fortalecido junto com os laços dos personagens. Consegui sentir isso sim no pano de fundo e no desenrolar da aventura, é claro que para os padrões de conhecimento científico de hoje e as necessidades do público que preferem aventuras mais densas e cheias de ação, as cenas são muito mais produzidas e os perigos bem maiores.
O cenário está fabuloso, a Netflix parece ter encontrado uma equipe de efeitos especiais e cenografias que deveriam ser emprestados para muitos filmes de super heróis que estão sendo produzidos por aí.
Perdidos no Espaço é uma série sobre família e amizade, seus desencontros, frustrações, brigas e reconciliações, é uma série para se rever os conceitos que nos une e nos faz suportar e ser suportados pelas diferenças pessoais e limitações, de estar sempre dispostos a receber e expandir os conceitos familiares para que quer que seja, estando dentro ou não do círculo consanguíneo, dando sempre o ar da dúvida em respeito ao princípio da união. Se essa nova série conseguir manter isso terá conquistado meu coração e respeito.
Apesar dos spoliers superficiais, o primeiro episódio da série tem muito mais que isso e vale à pena conferir. Vou seguir com a série e pretendo retornar aqui para fazer novas observações por ter mordido a minha língua.
Walber Pena