Evohé Camaradas!
Acredito que aos poucos vocês vão perceber que eu fujo um pouco do lugar comum até mesmo para o Mundo Guerreiro e, para sintetizar e entender essa afirmação, basta dizer que a minha linha predileta de HQ’s é o selo Vertigo, que apesar de estar vinculado à DC Comics, segue um estilo totalmente diferente das tradicionais.
Mas hoje este não será meu assunto, irei falar da série Glitch.
Glitch é uma série australiana de seis episódios cuja primeira temporada foi ao ar em 2015, eu cheguei a topar com ela nos sites de torrents da vida, mas na época, ela simples não blipou no meu radar.
Porém, graças à Netflix que liberou o streaming da série para o Brasil no último dia 15 de outubro de 2016, a série reapareceu no radar e foi reforçada pela indicação do comparsa Walber Pena, assim, acabei decidindo assistir ao piloto, garantindo à patroa que não, não era uma série zumbis.
Como assim não têm zumbis?
A premissa da série é um evento ocorrido na fictícia Yoorana, uma pequena e pacata cidade no interior da Austrália, onde subitamente algumas pessoas que morreram de diferentes formas e em diferentes datas, simplesmente decidem escavar seu caminho para fora de seus túmulos e de volta ao mundo dos vivos.
Mas não, essas pessoas não estão decompostas e sedentas por miolos, elas são simplesmente as mesmas pessoas, em perfeito estado físico e tão somente lapsos de memória que, em um primeiro momento, confundem e dificultam todo o entendimento de quem são ou do que ocorreu.
Então, não, não têm zumbis na série, se você está procurando por eles, The Walking Dead é a melhor escolha, mas o faça por própria conta e risco, afinal, posso dizer por larga experiência que raramente essas histórias terminam bem…
Mas se não têm zumbis…
Primeiro é importante citar o clima quase gótico da série, o que me lembrou um pouco o clima da série Gótico Americano de 1995, que assistia no finado canal USA nos primórdios da televisão fechada, onde existe o elemento sobrenatural, mas ele não é nem de longe o mais importante da história.
A série poderia se encaixar perfeitamente em um episódio de Além da Imaginação ou até mesmo em Arquivo X, talvez, sejam esses elementos que tenham atraído a minha atenção, a ponto de matar os seis episódios de uma única vez.
Segundo, o roteiro é simples, linear, não têm plot twists complexos que farão você ter um dano cerebral, mas acredito que tem algo com um poder de atração tão forte quanto, a identificação com a situação.
Acredito que praticamente ninguém passa por essa vida sem perder alguém importante ou mesmo conhecer alguém que talvez merecesse uma segunda chance para terminar um assunto incompleto, seja com os que ficaram ou consigo mesmo.
Esse é o verdadeiro plot da história, as histórias incompletas de quem parte, sua irresignação com a interrupção abrupta da vida e as conseqüências inevitáveis, porém, não é só isso, há algo a mais, sempre há.
Felizmente ou infelizmente, você irá se questionar sobre isso também, as pessoas não voltam dos mortos e levantam de suas sepulturas para resgatar suas vidas, isso não é um evento natural e a série, de forma sutil e secundária, aponta todos esses elementos, deixando as pontas soltas necessárias para levar a história para além dos dramas humanos.
Afinal, vejo ou não vejo, com miolos ou sem miolos?
Se você está disposto a encarar uma nova perspectiva de encarar os mortos que voltam à vida, seus dramas pessoais e questionamentos, inseridos dentro de um microverso misterioso, eu acho que esta série pode ser interessante para você.
Agora, se você acha que não tem graça os mortos voltarem e não caçarem os vivos, em uma clara tentativa de questionar os fundamentos nos quais a nossa sociedade está baseada, eu aconselho você a continuar com The Walking Dead, seu spin off, Fear The Walking Dead ou até mesmo seu primo pobre, Z Nation, serão mais recomendáveis.
Bem, é isso, eu vi e curti, a patroa também, importante também frisar que a série já tem uma segunda temporada confirmada e será co-produzida pela Netflix, o que, supostamente, garantiria uma maior qualidade à produção.
Até!